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céu
2023

A linha do horizonte sempre está na altura dos olhos. Essa era a recomendação de minha professora nas aulas de desenho de observação. Talvez essa seja uma recomendação para a vida. Saber que esse horizonte, essa linha, está na altura de meus olhos pode significar que sonhos, objetivos e desejos estão na possibilidade do encontro com meu olhar, do encontro com o céu.

 

Minhas pinceladas nervosas e rápidas, por vezes secas ou bem encharcadas de tinta, friccionam a realidade e tensionam limites. Conduzem num movimento rítmico e teimoso uma saudade de alguém, uma conexão terra-ar com o que não conseguimos mais ver. Borro o horizonte numa tentativa miscível de mim comigo mesmo.

 

Nesta série exercito meu olhar numa brincadeira com o céu. Um jogo que relembra a recomendação e posiciona o espaço de um pintar. Deslizar sobre a linha do horizonte experimentando a possibilidade do céu instiga até onde posso realizar um encontro de tons e direções cromáticas. Sombras desenham desenhos-horizontes e despertam um céu-em-cor.

 

Talvez onde o chão encontra o céu seja o lugar que desejo ao passear com o pincel sobre a tela.

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